
Caso Epstein enfurece as bases do movimento MAGA de Trump

A base do movimento MAGA de Donald Trump está em pé de guerra depois que o governo tentou desacreditar as dezenas de teorias da conspiração em torno de Jeffrey Epstein, uma das obsessões dos seguidores mais fervorosos do presidente dos Estados Unidos.
O Departamento de Justiça de Trump e o FBI concluíram, em um relatório publicado na segunda-feira (7) pelo site americano Axios, que Epstein não tinha nenhuma "lista de clientes" e descartaram que o ex-financista, acusado de comandar uma rede de tráfico sexual de menores, tenha chantageado figuras poderosas.
Também confirmaram que Epstein se suicidou em uma prisão de Nova York, o que desmonta uma das teorias que sustenta que ele foi assassinado.
Esse relatório é o primeiro feito pela administração Trump sobre o caso e o primeiro que rejeita as principais teorias conspiratórias em torno da figura e da morte do ex-financista, promovidas por figuras da direita americana.
Os dois funcionários de mais alto escalão do FBI endossaram essas teorias antes de serem nomeados por Trump para seus cargos atuais.
A reação foi rápida e brutal por parte das bases de seu movimento "Make America Great Again" (MAGA, "Fazer a América Grande Novamente"), que promovem a teoria de que o "Estado profundo" estaria protegendo figuras proeminentes de todos os setores — especialmente do Partido Democrata e de Hollywood — que teriam vínculos com Epstein.
"O próximo que o Departamento de Justiça vai dizer é: 'Na verdade, Jeffrey Epstein nem sequer existiu'", tuitou Alex Jones, fiel seguidor de Trump. "Isso é extremamente doentio", continuou.
Trump conseguiu canalizar parte da fúria de sua própria base contra o diretor do FBI, Kash Patel, e seu adjunto, Dan Bongino.
Outra figura bastante afetada foi a procuradora-geral Pam Bondi, que havia afirmado antes da publicação do relatório que tinha a lista de clientes de Epstein em sua mesa e que publicaria toda a verdade sobre o caso. Declarações que contaram com o respaldo da Casa Branca.
Bondi já estava na mira do movimento MAGA depois de distribuir pastas etiquetadas como "Os arquivos Epstein" a influenciadores na Casa Branca — pastas que continham, em sua maioria, informações já públicas e nenhuma revelação nova.
"Trump deveria demitir [Bondi] por mentir para sua base e ser um peso morto para sua administração", publicou no X a influenciadora de extrema direita Laura Loomer. "Ela é uma vergonha e não faz nada para ajudar Trump."
- Trump enfurecido -
"É isso que acontece quando você e as pessoas ao seu redor se tornam o mesmo 'Estado Profundo' que vocês passaram anos atacando", escreveu o analista da CNN Chris Cillizza em seu boletim no Substack.
Epstein se suicidou em uma prisão de Nova York em 2019 após ser acusado de tráfico sexual.
Trump, que nega ter estado na mansão das Ilhas Virgens Americanas onde, segundo os promotores, Epstein prostituía menores, disse durante a campanha que não teria "nenhum problema" em tornar públicos os arquivos relacionados ao caso.
O presidente fechou a cara nesta terça-feira, quando um jornalista lhe perguntou sobre o caso Epstein durante uma reunião de seu gabinete.
"Ainda estão falando de Jeffrey Epstein?... As pessoas ainda falam desse cara, desse nojento? É inacreditável", disse Trump.
Esse é apenas um dos cismas que, nas últimas horas, parecem dividir a base de apoio de Trump. Outro é a decisão do republicano de retomar o fornecimento de armamento à Ucrânia.
A ala mais isolacionista do MAGA já vinha decepcionada desde a ordem do presidente para atacar o Irã e seu anúncio de suavizar as batidas contra imigrantes em fazendas.
Esse novo golpe aos princípios do MAGA põe em risco alguns apoios a Trump e alimenta o caminho do partido recém-criado pelo bilionário Elon Musk, que de fiel escudeiro passou a rivalizar com o republicano por causa dos gastos federais.
No auge da troca de ataques, no mês passado, Musk afirmou que Trump aparece nos arquivos de Epstein.
"Que horas são? Ah, veja só, é hora de mais uma vez ninguém ser preso!", escreveu Musk na segunda-feira no X, acompanhado da imagem de um placar marcando zero com o título "O placar oficial de prisões por pedofilia de Jeffrey Epstein".
L.Graham--TNT