
Camponeses radicalizam protestos na Bolívia por veto à candidatura de Evo Morales

Apoiadores do ex-presidente Evo Morales intensificaram seus protestos nesta segunda-feira (2) na Bolívia, com marchas e bloqueios viários, para pressionar a autoridade eleitoral a validar sua candidatura presidencial, apesar do veto da Justiça.
Morales, que governou em três períodos entre 2006 e 2019, não conseguiu inscrever sua candidatura para o pleito de 17 de agosto por falta de um partido, depois que ele deixou o Movimento ao Socialismo (MAS) em fevereiro deste ano.
Além disso, o ex-presidente está impedido de concorrer por uma decisão judicial que permite uma única reeleição presidencial.
Em Cochabamba, o reduto político de Morales, foram reportados nove pontos de bloqueio em rodovias que ligam o rico departamento de Santa Cruz a La Paz, sede de governo.
"Sem a participação de grandes maiorias não se pode realizar eleições", afirmou à AFP, em Cochabamba, Mario Soto, um dirigente campesino regional.
Também indicou que os protestos são contra o governo do presidente Luis Arce, a quem culpam pela crise econômica, a falta de dólares e de combustíveis, devido à queda de produção e exportação de gás.
"As organizações sindicais pediram sua renúncia, que o governo se vá", afirmou Soto.
O tempo está se esgotando para o líder cocaleiro de 65 anos. Em 6 de junho, será anunciada a lista definitiva dos participantes das próximas eleições.
O ministro de Governo, Roberto Ríos, disse em coletiva de imprensa que "o bloqueio tem apenas a finalidade de boicotar as eleições gerais" para que "a candidatura de uma pessoa que está inelegível e que, ademais, não tem partido, se anteponha perante todo o sistema jurídico".
Em paralelo, centenas de camponeses e indígenas também marcharam nesta segunda pelas ruas de La Paz em favor da candidatura de Morales.
No domingo, o próprio líder cocaleiro incentivou seus partidários a radicalizarem os protestos.
"A partir de segunda-feira, todos para La Paz. Já chega! Vamos nos fazer respeitar por esse governo", disse Morales em seu programa na rádio Kawsachun Coca.
Morales e seus apoiadores também culpam o governo Arce pelos vetos judiciais e eleitorais.
Na quinta-feira, ocorreram confrontos em La Paz que resultaram em mais de 20 civis detidos e três agentes feridos.
Morales está refugiado desde outubro na região cocaleira do Chapare para evitar a execução de um mandado de prisão contra si por um caso de tráfico humano envolvendo uma menor, uma acusação que ele nega.
Centenas de comerciantes também marcharam nesta segunda contra o governo Arce pela crise econômica.
W.Phillips--TNT