The National Times - Equador se desculpa com vítimas de empresa japonesa por trabalho escravo

Equador se desculpa com vítimas de empresa japonesa por trabalho escravo


Equador se desculpa com vítimas de empresa japonesa por trabalho escravo
Equador se desculpa com vítimas de empresa japonesa por trabalho escravo / foto: © AFP

O Estado equatoriano se desculpou, neste sábado (31), com mais de 300 vítimas de trabalho análogo à escravidão por ter feito "ouvidos moucos" à violação de direitos trabalhistas por parte de uma empresa de capital japonês em plantações de abacá, uma fibra vegetal usada nas indústrias têxtil e automotiva.

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Em dezembro, a Corte Constitucional entendeu que a empresa manteve por mais de cinco anos em suas fazendas uma prática de trabalho análogo à escravidão conhecida como servidão da gleba.

O tribunal determinou que a empresa Furukawa pagasse aos trabalhadores indenizações de 41 milhões de dólares (R$ 253,8 milhões, em valores da época) e também se desculpasse publicamente com as vítimas. Nenhuma das determinações foi cumprida.

A máxima corte também determinou que o Estado se desculpasse com as vítimas.

No caso Furukawa, "foram violadas (...) normativas nacionais e internacionais que afetaram a dignidade do ser humano na essência, que afetaram os direitos trabalhistas na essência", disse a ministra do Trabalho, Ivonne Núñez.

Ela admitiu que "o Estado, através dos diferentes ministérios, tal como explica a sentença, fez ouvidos moucos (...) a uma situação dessa natureza".

Núñez esteve acompanhada dos ministros do Governo, Educação, Bem-estar Social, Saúde e Defensoria do Povo.

Concentrados na Praça da Independência, ex-trabalhadores da Furukawa, subsidiária da empresa japonesa FPC Marketing, gritavam palavras de ordem. "Reparação, reparação", repetiam. Outros levavam cartazes com a inscrição "Escravidão moderna nunca mais".

Queremos "que se cumpra a sentença porque não está sendo cumprida", disse à AFP Marlene Valencia, de 52 anos, que trabalhou por 15 anos como 'abacalera', nome dado aos produtores desta fibra vegetal.

Após a decisão da corte, Furukawa - que opera no Equador desde 1963 - assinalou que não tem os recursos para pagar a indenização milionária e tachou a sentença de "desproporcional". As 342 vítimas devem receber cada uma US$ 120 mil (R$ 684,9 mil, em valores atuais).

A empresa afirma que um grupo de trabalhadores mantém a "posse ilegal e pela força" de mais de 300 hectares de propriedade da companhia.

Os advogados das vítimas afirmaram que uma decisão judicial lhes permite estar nestes prédios para evitar que a empresa destrua os acampamentos e apague evidências.

Alexandra Zapata, que defende os ex-trabalhadores, comentou que o Estado cumpriu a sentença parcialmente.

"Não escutamos que [os empresários] tenham dito abertamente que pedem desculpas públicas", declarou ele a jornalistas e questionou que as autoridades não tenham mencionado políticas de reparação.

S.M.Riley--TNT