The National Times - Trump diz que seria 'estúpido' rejeitar avião oferecido pelo Catar

Trump diz que seria 'estúpido' rejeitar avião oferecido pelo Catar


Trump diz que seria 'estúpido' rejeitar avião oferecido pelo Catar
Trump diz que seria 'estúpido' rejeitar avião oferecido pelo Catar / foto: © GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP

Donald Trump afirmou, nesta segunda-feira (12), que seria "estúpido" rejeitar o avião que o Catar está oferecendo aos Estados Unidos.

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A família real do emirado está prestes a oferecer a Washington um Boeing 747-8, estimado por especialistas em US$ 400 milhões (R$ 2,27 bilhões) e descrito pela mídia americana como um "palácio no céu".

Esse presente levanta potenciais conflitos de interesse, especialmente porque a Constituição dos Estados Unidos proíbe as autoridades de aceitar presentes "de um rei, príncipe ou Estado estrangeiro".

"É um grande gesto", disse Trump aos repórteres quando perguntado se o Catar esperava algo em troca.

"Eu jamais recusaria uma oferta dessas. Eu poderia ser estúpido e dizer: 'Não, não queremos um avião de graça e muito caro'", acrescentou.

Os detalhes legais dessa oferta "ainda estão sendo elaborados", declarou a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, à emissora Fox News.

"Mas, é claro, qualquer doação a este governo é sempre feita em total conformidade com a lei, e estamos comprometidos com a máxima transparência e continuaremos a fazê-lo", acrescentou.

Este pode ser o item mais caro já doado ao governo dos Estados Unidos.

O presidente americano partiu nesta segunda-feira para o Oriente Médio para uma viagem de vários dias com escala no Catar.

A porta-voz também afirmou que o Catar não espera nenhum tratamento especial em troca, porque "eles conhecem o presidente Trump e sabem que ele só trabalha com os interesses americanos em mente".

- 'Muito obrigado' -

Trump se irritou quando um repórter perguntou se ele usaria o avião para uso pessoal após deixar o cargo.

"Você deveria ter vergonha de fazer essa pergunta", disse. "Estão nos dando um avião de graça. Eu poderia dizer: 'Não, não, não, não nos deem ele, quero pagar US$ 1 bilhão [R$ 5,68 bilhões] ou US$ 400 milhões, ou o que seja'. Ou poderia dizer: 'Muito obrigado'."

Trump afirmou que doaria o avião à sua futura biblioteca presidencial como peça de exibição, da mesma maneira que a de Ronald Reagan conserva um antigo Air Force One.

O Catar tentou esvaziar a polêmica, ao afirmar que o avião não seria um presente.

"A possível transferência de um avião para uso temporário como Air Force One está sendo considerada atualmente entre o Ministério da Defesa do Catar e o Departamento de Defesa dos Estados Unidos", declarou Ali Al Ansari, adido de imprensa do Catar em Washington.

O plano também suscitou preocupações de segurança sobre o uso de um avião doado por uma potência estrangeira porque ele deve servir como um centro de comando móvel para o presidente em caso de um ataque contra Estados Unidos.

- 'Conflito de interesses' -

Os democratas criticaram duramente a ideia.

"Qualquer presidente que aceite esse tipo de presente, avaliado em US$ 400 milhões, de um governo estrangeiro cria um claro conflito de interesses", declararam quatro membros do comitê de Relações Exteriores do Senado em comunicado.

O dirigente republicano prevê substituir os dois Boeing 747-200B atuais, que entraram em serviço em 1990 durante a presidência de George Bush pai.

Desde que retornou ao poder, Trump se queixou em diversas ocasiões dos elevados custos de manutenção dessas aeronaves.

No início de ano, o bilionário, descontente com os atrasos sofridos pela Boeing, disse que estava estudando "alternativas" para o futuro avião presidencial.

Em 2018, a gigante aeroespacial americana firmou um contrato para fornecer dois aviões 747-8 antes do fim de 2024 por US$ 3,9 bilhões (R$ 22,15 bilhões), equipados para transportar o presidente americano.

Mas mudanças no projeto, particularmente aquelas solicitadas por Trump durante seu primeiro mandato, a falência de uma subcontratada e a pandemia de COVID-19, com seus consequentes problemas de fornecimento, atrasaram o cronograma.

A.Davey--TNT