The National Times - Agricultores israelenses retomam produção de tequila perto de Gaza

Agricultores israelenses retomam produção de tequila perto de Gaza


Agricultores israelenses retomam produção de tequila perto de Gaza
Agricultores israelenses retomam produção de tequila perto de Gaza / foto: © AFP

Com as explosões em Gaza como ruído de fundo, os agricultores israelenses reativaram um projeto inovador de produção de tequila a poucos quilômetros do enclave palestino, interrompido pelo sangrento ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023.

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Sob a sombra de uma tamargueira, o empresário Aviel Leitner e o agricultor Eran Braverman inspecionam um campo de agaves-azuis, a planta da qual a tequila é extraída. Seu objetivo: produzir as primeiras garrafas dessa bebida em Israel.

Eran Braverman acaba de revelar este projeto único, iniciado antes do ataque do movimento islamista palestino à região e do caos que se seguiu.

"Queríamos mostrar que os agricultores israelenses haviam retornado aos campos, que esta guerra não os deteria", explica Braverman à AFP.

Novas plantações estão crescendo na região de Negev e "não há nada mais atraente do que tequila, mezcal e destilados de agave", ele se empolga.

Aviel Leitner explica que teve a ideia de trazer as plantas para Israel após uma viagem em família ao México, berço da tequila.

Para Leitner e Braverman, a sobrevivência dessas plantações no kibbutz Alumim é um milagre.

- A 4 km da fronteira -

Os comandos do Hamas atacaram o kibbutz, incendiaram os silos e as estufas e destruíram o equipamento de irrigação.

"Estamos a cerca de quatro quilômetros da barreira (de Gaza) e tudo foi destruído, da cerca ao Alumim", relata Braverman.

Nenhum membro do kibutz morreu durante o ataque, mas os milicianos mataram 22 trabalhadores rurais, tailandeses e nepaleses, e três soldados israelenses morreram em combate, diz ele.

"Quando soubemos o que havia acontecido, ficamos com muito medo pelos trabalhadores e suas famílias", lembra Leitner, que também se preocupou com as plantas.

Porém, o clima seco do deserto e a tecnologia de irrigação por gotejamento, que minimiza o uso de água e fertilizantes, permitiram que o agave-azul sobrevivesse sem muita manutenção, e o campo foi poupado dos combates.

Vinte meses após o ataque, Leitner está focado em encontrar um local para construir a destilaria.

"Esperamos iniciar a produção no início do inverno de 2025; será a primeira bebida destilada de agave produzida na terra de Israel", afirma.

- A guerra influencia no ânimo -

As comunidades locais estão "determinadas a se recuperar e voltar mais fortes", afirma Danielle Abraham, diretora-executiva da ONG Volcani International Partnerships, que auxilia os agricultores israelenses.

"Estão tentando trazer novos cultivos, introduzir inovações e pensar no futuro", explica.

As fazendas no sul de Israel retornaram a quase 100% de sua capacidade anterior a 7 de outubro, afirma Abraham, citando estatísticas do movimento dos kibutz.

Mas "a guerra e a incerteza ainda pesam no ânimo dos agricultores", observa.

Os visitantes não retornaram, diz Sheila Gerber, que com o marido administra um jardim botânico e uma plantação de cactos na vila de Talmei Yosef há 30 anos.

Os comandos do Hamas não chegaram a Talmei Yosef em 7 de outubro, sendo repelidos pouco antes de entrarem na vila por membros de sua unidade de intervenção.

Gerber e sua família se retiraram, mas retornaram algumas semanas depois.

"Voltamos porque os agricultores voltam. Não podemos deixar tudo morrer", diz Gerber, que sente saudades dos dias anteriores ao 7 de outubro, quando tudo era "muito agradável".

Agora, "realmente não sabemos como será o futuro", afirma.

M.A.Walters--TNT