The National Times - Acordo de indenização por opiáceos desafia Suprema Corte dos EUA

Acordo de indenização por opiáceos desafia Suprema Corte dos EUA


Acordo de indenização por opiáceos desafia Suprema Corte dos EUA
Acordo de indenização por opiáceos desafia Suprema Corte dos EUA / foto: © US Drug Enforcement Administration/AFP/Arquivos

A Suprema Corte dos Estados Unidos se deparou com um grave dilema nesta segunda-feira (4): aprovar ou anular um acordo de indenização de bilhões de dólares às vítimas da crise de opiáceos que isenta a família Sackler - dona do laboratório Purdue - de qualquer processo futuro por parte das vítimas.

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O Departamento de Justiça tem reparos a este acordo, concluído em 2022 com os 50 estados americanos e validado por um tribunal federal de apelações, que protege a família Sackler de qualquer ação futura, inclusive de vítimas que não tenham dado o seu consentimento.

Os Sackler foram acusados de terem promovido durante anos o seu medicamento contra a dor, o OxyContin, apesar de saberem que o mesmo causava enorme dependência. A venda deste produto proporcionou rendimentos de dezenas de bilhões de dólares.

A prescrição excessiva deste opiáceo foi considerada o estopim da crise que causou mais de meio milhão de vítimas em 20 anos nos Estados Unidos.

Alvo de uma enxurrada de processos, o laboratório Purdue declarou-se em falência em 2019 e negociou um plano cuja última versão prevê seu fechamento daqui até 2024 nos Estados Unidos em benefício de uma nova entidade, e o pagamento de pelo menos 5,5 bilhões de dólares (R$ 27 bilhões, na cotação atual) em um prazo de 18 anos.

Os nove juízes, que suspenderam tal acordo em agosto a pedido do governo, estão em uma encruzilhada ao terem que se equilibrar entre o risco de comprometer a indenização das vítimas e o de reconhecer em uma questão de falência o direito de blindar os Sackler contra possíveis ações futuras.

Se o administrador do Departamento de Justiça que contesta o acordo "ganhar seu caso, os bilhões previstos para a prevenção dos opioides e para indenizações, vão evaporar e os credores e as vítimas vão acabar sem nada", argumentou o advogado do laboratório Gregory Garre.

Por sua vez, o representante legal das vítimas que assinaram o acordo, Pratik Shah, estimou que também é "irresponsável de parte do liquidador sugerir que há uma espécie de alternativa secreta para obter a reparação" ao afirmar que, "sem exceção, o plano vai ruir".

"Afirmamos que há outras vítimas de opioides que também sofreram prejuízos trágicos que dizem não consentir que seus direitos sejam extinguidos à força", respondeu o advogado do governo, Curtis Gannon.

O juiz Brett Kavanaugh, após destacar o apoio "arrasador" de mais de 95% dos credores ao acordo, criticou o governo por minimizar as "incertezas" em caso de rejeição.

No entanto, sua colega Ketanji Brown Jackson assinalou que esta situação era o resultado do desejo da família dona do laboratório de obter esta isenção.

O Departamento de Justiça afirma que os Sackler "drenaram" cerca de 11 bilhões de dólares da empresa nos anos seguintes à sua declaração de falência em 2019.

"Os membros da família Sackler não se declararam eles mesmos em falência e disponibilizaram apenas uma fração dos seus ativos para a liquidação da Purdue", lembrou Gannon.

B.Cooper--TNT