The National Times - Festival de Cannes sob impacto das tarifas de Trump

Festival de Cannes sob impacto das tarifas de Trump


Festival de Cannes sob impacto das tarifas de Trump
Festival de Cannes sob impacto das tarifas de Trump / foto: © AFP

O 78º Festival de Cannes começa em uma semana sob o impacto das tarifas de 100% sobre o cinema estrangeiro nos Estados Unidos, um anúncio do presidente Donald Trump que promete provocar uma reação negativa na mostra mais importante da sétima arte.

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Acostumado a polêmicas políticas, Cannes também é uma vitrine mundial do cinema americano, tanto de Hollywood quanto independente.

Cannes é onde as estrelas desfilam, os futuros sucessos de bilheteria estreiam e novos diretores são apresentados à crítica mundial.

O elenco de "Missão Impossível", liderado por Tom Cruise, apresentará seu oitavo e talvez último filme em uma gala especial fora da competição.

O evento homenageará o ator Robert De Niro (81 anos) com a Palma de Ouro honorária.

De Niro, crítico do presidente Trump, fará uma palestra que promete ser repleta de anedotas, e Nicole Kidman receberá o prêmio Women in Motion, dedicado às mulheres, em um evento paralelo.

- Cinema brasileiro -

O Brasil foi escolhido como País de Honra do Marché du Film, que acontece paralelamente ao festival (13 a 24 de maio).

O brasileiro Kleber Mendonça Filho concorre com "Agente Secreto", suspense ambientado em 1977, durante a ditadura militar.

Este filme pode lembrar "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, um sucesso de bilheteria e vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional deste ano.

Até o momento, são 21 filmes em competição, sendo sete dirigidos por mulheres, o mesmo número de 2023, quando o recorde histórico do festival foi quebrado.

Entre os longas selecionados também estão "Romería", da espanhola Carla Simón (Urso de Ouro em Berlim em 2022) e "Sirat", do também espanhol Oliver Laxe.

Veteranos como os irmãos belgas Dardenne concorrem à Palma de Ouro com um novo drama social como aqueles que já renderam dois prêmios importantes no passado.

Também haverá espaço para o terror, do diretor americano Ari Aster ("Eddington"), ou para dramas familiares como "Sound of falling", da alemã Mascha Schilinski.

- Garcia Bernal como "Magalhães" -

Outras propostas latino-americanas serão destacadas em seções paralelas.

Un Certain Regard apresenta o chileno "La misteriosa mirada del flamenco", de Diego Céspedes, e "Un Poeta", do colombiano Simón Mesa Soto, vencedor da Palma de Ouro de Curta-Metragem em 2014.

Uma seção sem premiações, mas que é uma boa vitrine, é a Cannes Première, onde se destacam um longa filipino sobre o navegador Magalhães, interpretado pelo mexicano Gael García Bernal, e o chileno "La Ola", de Sebastián Lelio.

A Semana da Crítica, dedicada aos novos talentos, inclui "Ciudad sin Sueño", o primeiro longa-metragem do espanhol Guillermo Galoe.

Além das polêmicas em torno da guerra comercial, Cannes é um fórum acostumado a receber vozes dissidentes.

Pouco se sabe sobre "It Was Just an Accident", do iraniano Jafar Panahi, devido às tensões do cineasta com o regime dos aiatolás. Panahi está preso em seu país.

Por acaso, o festival começa em 13 de maio, mesmo dia em que um tribunal dará seu veredicto sobre o primeiro julgamento por supostas agressões sexuais durante as filmagens de um longa com o astro francês Gérard Depardieu.

Cannes recebeu no mês passado um duro relatório parlamentar francês sobre violência sexual no mundo cultural. Os organizadores prometeram aumentar a vigilância.

Outro momento emocionante será a estreia do documentário "Era uma vez em Gaza". Um dos protagonistas, uma fotojornalista palestina, morreu em meados de abril devido a um ataque aéreo israelense.

O júri da competição será presidido pela atriz francesa Juliette Binoche. A Palma de Ouro será anunciada no sábado, 24 de maio.

P.Murphy--TNT